segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Inscrições para Crisma de Adultos e Jovens

Estão abertas as inscrições para a Iniciação Crisma de Adultos e Jovens (a partir dos 15 anos). Batismo-Primeira Eucaristia-Crisma. As inscrições podem ser feitas na secretaria paroquial, às segundas, quartas, quintas e sextas-feiras das 8h:30min às 11h e das 15h às 17h:30min. Sábado, 8h:30min às 11h. Terça feira não há expediente paroquial. Outras informações pelo telefone 2576-0398 ou pelo email cajnsps@gmail.com


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Carta dos bispos e arcebispos do Leste 1 sobre a a sanção do PCL nº 3/2013

No último dia 9 de agosto, os bispos e arcebispos do Regional Leste 1 publicaram uma carta, direcionada aos deputados e senadores, sobre a sanção do PCL nº 3/2013, que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual.

No texto, os bispos ressaltam a surpresa diante da sanção da lei sem nenhum veto e afirmam que esperavam “uma demonstração mais firme e corajosa” na defesa da vida da criança e da mãe.

Segundo a carta, "o povo católico gostaria de ter ouvido mais nitidamente a sua voz denunciando, publicamente, nos meios de comunicação, a farsa presente nesse projeto que facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo."

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2013.


Exmo. Sr.

Os bispos do Regional Leste I, sem deixarem de prestar sua solidariedade às mulheres vítimas de qualquer violência, sobretudo sexual, querem demonstrar sua profunda consternação com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno. A defesa da vida desde a sua concepção até sua morte natural é um princípio inviolável dentro de uma sociedade que aspira ser humana e justa com todas as pessoas.

O povo brasileiro tem sido espectador nos dois últimos meses – Junho e Julho – de uma forte e numerosa presença dos jovens nas ruas e praças das principais cidades do país.
Esses rapazes e moças, de modo pacífico e cidadão, têm sido a voz de tantas pessoas que não têm vez numa sociedade cada dia mais manipulada e enganada por grupos ideológicos.

A saúde, a educação, o transporte, a segurança, os valores éticos têm sido mencionados em programas de governos e em discursos de políticos brasileiros, porém o que a juventude brasileira mais aspira não são palavras, mas atitudes éticas e soluções permanentes para essas questões.

O Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada entre os dias 23 e 28 de julho, foi a voz unida às vozes de milhões de jovens brasileiros e estrangeiros que alegraram ainda mais a Cidade Maravilhosa.

A sua voz ecoou nas mentes e nos corações de tantas pessoas que o aplaudiram nesses dias no Rio de Janeiro, e, sem omitir outras falas importantes, queremos destacar suas palavras no Teatro Municipal no dia 27 de julho passado.

“O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir”.
Senhor Senador, a sua presença no Congresso Nacional é, para todos nós, sobretudo para o nosso povo, um eco dessas vozes. Conhecemos sua identificação como político católico, reconhecemos que a sua atuação tem sempre presente uma visão de futuro para que o Brasil seja realmente uma nação rica nos valores éticos e cristãos.

Os Bispos do Regional Leste 1 da CNBB ficaram muito surpresos e perplexos quando o PLC nº3/2013 foi sancionado sem veto pela Presidenta Dilma Rousseff no último 1º de agosto.

O povo católico gostaria de ter ouvido mais nitidamente a sua voz denunciando, publicamente, nos meios de comunicação a farsa presente nesse projeto que facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo.

Nós, Bispos, esperávamos uma demonstração mais firme e corajosa de Vª. Excia. na defesa da vida da criança e da mãe, especialmente quando esta, depois de sofrer uma violência sexual inadmissível pela sociedade, vai sofrer outra violência, que é o aborto, mesmo quando este se dá como uma possibilidade, com a ingestão da pílula do dia seguinte.

Aos nossos políticos católicos reiteramos o nosso respeito e valorização de seu trabalho, mas conscientes do valor da vida humana, deveriam ter demonstrado uma consciência reflexa mais aguçada, pois tal projeto, longe de proteger a mulher da violência sexual, é também uma janela de implantação do aborto em nosso país. Com isso, não queremos desmerecer a obrigatoriedade de atendimento integral às pessoas em situação de violência sexual. Os políticos católicos que  receberam votos  dos eleitores, na  sua  maioria católicos, deveriam testemunhar com o seu voto e a sua voz sua posição contrária à "cultura do descarte", apontada pelo Papa Francisco como uma causa do desprezo pela vida humana, e irem, corajosamente, contra a maré, pois suas eleições nos fazem esperar uma defesa maior dos princípios cristãos na vida política.



Dom Orani João Tempesta, O.Cist.

Presidente do Regional Leste 1
Arcebispo do Rio de Janeiro


Dom Luciano Bergamin, CRL

Vice-Presidente do Regional Leste 1
Bispo de Nova Iguaçu


Dom José Francisco Rezende Dias
Secretário do regional Leste 1
Arcebispo de Niterói

Dom Francesco Biasin                                                                      
Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda  
     
 Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Dom Tarcísio Nascentes dos Santos                                                   
Bispo de Duque de Caxias   

Dom Edson de Castro Homem
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap                                          
Bispo de Itaguaí 

Dom Pedro Cunha Cruz
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Dom Frei Elias James Manning, OFMConv.                                   
Bispo de Valença 

Dom Nelson Francelino Ferreira
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro      
            
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz                                                   
 Bispo de Campos dos Goytacazes 

Dom Paulo Cezar Costa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Dom Edney Gouvêa Mattoso                                                           
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Dom Luiz Henrique da Silva Brito
Bispo de Nova Friburgo   
                                               
Dom Gregório Paixão, OSB                                                                       
Bispo de Petrópolis       

Dom Roque Costa Souza
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro


Dom Fernando Áreas Rifan                                                     
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vozes em favor da vida

Dom Antônio Augusto - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

O Papa Francisco visitou o Brasil num momento de grandes manifestações nas ruas de várias cidades espalhadas pelos quatro cantos do país. Jovens e adultos, até  famílias inteiras, reivindicavam os direitos básicos da sua condição de cidadãos brasileiros. As redes sociais foram o veículo novo de convocação de tanta gente esperançosas de mudanças sociais e econômicas ainda necessárias.

As semanas que antecederam a Jornada Mundial da Família foram de muitas expectativas, sobretudo quanto às declarações do Santo Padre. Qual seria a sua mensagem principal? Mencionaria diretamente essas reivindicações do povo brasileiro ou ficaria apenas com mensagens espirituais? As manifestações populares com risco de violência física e atos de vandalismos continuariam?

O que não se esperava nesse tempo de espera da JMJ Rio 2013, ainda mais porque se manobrou no silêncio dos gabinetes do Ministério da Saúde, nas salas de deputados federais e senadores no Congresso Nacional, foi o projeto de lei numero 3/2013 que aparentemente pretende defender as mulheres brasileiras da violência sexual do estupro. Junto com o Ministro da Saúde, Dr. Alexandre Padilha, políticos pertencentes ao Partido dos Trabalhadores, retomaram o compromisso assumido no III Congresso desse partido, realizado em agosto/setembro de 2007, obrigando todos seus filiados a conseguirem de todas as formas possíveis a descriminalização do aborto no Brasil.

A violência sexual contra a mulher brasileira é uma vergonha ainda presente no nosso país! O sofrimento físico e psicológico das vítimas de estupro é acrescido dos riscos de contágio de graves doenças sexualmente transmissíveis e de possíveis mudanças da afetividade e da própria vida sexual dessas mulheres violentadas.
Diante dessa situação cabe ao Estado, à sociedade e à família brasileiras, uma reação mais afirmativa e defensiva dessas mulheres e, quando elas engravidam por esse ato inadmissível, receberem todo o respeito e ajuda para que possam acolher com amor e criar com dignidade uma criança que não teve nenhuma culpa de ser concebida dessa maneira brutal. Mãe e filho não podem continuar sofrendo nenhum tipo de violência depois de terem passado por um momento tão agressivo!

Entretanto o Poder Legislativo e o Poder Executivo com a aprovação do PL 3/2013 e com a sanção presidencial no ultimo dia 1 de agosto demonstraram que não valorizaram as vozes das famílias e da juventude nas manifestações havidas antes da JMJ Rio 2013, e ignoraram mais uma vez o desejo de aproximadamente 82% da população brasileira, que não quer em nenhuma das suas formas o ABORTO no Brasil.

É verdade que ninguém de bom senso no país quer deixar de prestar atendimento médico e psicológico às mulheres estupradas. É óbvio que toda mulher no Brasil tem que ter seus autênticos direitos atendidos e respeitados por todos os segmentos da sociedade, para que ela possa assim desempenhar seu papel insubstituível no mundo e na Igreja.

O que não pode ser verdadeiro e óbvio é considerar um projeto de lei a favor do atendimento emergencial e integral da mulher que sofreu violência sexual como mais uma porta de entrada para o aborto, e o aborto financiado com dinheiro público, pois a lei sancionada obriga todos os hospitais integrantes da rede do SUS que tenham Pronto Socorro e Serviço de Ginecologia a prestarem esse atendimento.

Atendimento emergencial quer dizer, na prática, uma ação imediata da parte dos médicos, depois que a mulher diz ter sido estuprada, mesmo que ela não apresente o Boletim de ocorrência desse crime, o que protege o estuprador, esse criminoso que irá continuar cometendo a mesma brutalidade, e mesmo que ela não aceite fazer o exame de corpo de delito. O médico será obrigado a fazer o aborto ou administrar a pílula do dia seguinte, conhecida também como pílula emergencial, que se ingerida depois da violência sexual sofrida onde houve a fecundação causará o aborto químico.

Atendimento integral significa que nenhum procedimento médico deve ser omitido e todas as informações devem ser prestadas à mulher violentada, inclusive como ela pode tirar a vida do seu filho e onde ela poderá realizar essa nova violência sobre si mesma com a aprovação do Estado brasileiro.

O Papa Francisco não se pronunciou sobre a aprovação desse projeto de lei, ainda que sabendo da sua existência, mas se pronunciou de forma clara e firme, em várias ocasiões, sobre o papel político do cristão, como por exemplo, fez no discurso dirigido à classe dirigente do país no dia 27 de julho passado.

 “Somos responsáveis pela formação das novas gerações, ajudá-las a ser capazes na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade”.

Aos jovens brasileiros e estrangeiros ele perguntava: “Amigos queridos, a fé é revolucionária e eu lhe pergunto hoje: esta disposto, está disposta, a entrar nesta onda da revolução da fé? Só entrando, sua vida, jovem, terá sentido e, assim, será fecunda”.

Aos Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas, fazia a seguinte exortação paterna: “Tenham a coragem de ir contra a corrente dessa cultura eficientista, dessa cultura do descarte. O encontro e a acolhida de todos, a solidariedade, é uma palavra que estão escondendo nessa cultura, quase um palavrão; a solidariedade e a fraternidade são elementos que fazem nossa civilização verdadeiramente humana...Gostaria de vê-los quase obcecados nesse sentido”.

A Voz do Papa e as Vozes das manifestações se somam, depois que assistimos, no Rio de Janeiro, a um impressionante evento de solidariedade, de fraternidade, de paz e de boa vontade e fé, que revolucionarão o futuro da humanidade, desde que sejam Vozes ouvidas pelos que legislam e governam o Brasil, país que demonstrou, na JMJ Rio 2013, que sabe acolher e dar espaço a todas as pessoas. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Vaticano lança projeto sobre "nova rede educativa global"

Canção Nova

Nesta terça-feira, 13 de agosto, uma coletiva de imprensa na sede da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano, apresentou a “Rede educativa global”. Esta é uma iniciativa em favor de uma sociedade mais inclusiva, que assegure o necessário para cada um, a fim de desenvolver um projeto vital, segundo a própria cultura, convicções, valores universais culturais e o respeito ao ambiente.

Reconhecendo a importância dos primeiros resultados alcançados pela “Escuela de Vecinos” (Escola de Vizinhos) e das “Escuelas Hermanas” (Escolas Irmãs), - uma iniciativa promovida pelo Papa Francisco, quando era Arcebispo de Buenos Aires, - a Pontifícia Academia das Ciências, através da Rede Educativa Global, busca criar uma rede internacional entre escolas, de todos os tipos e níveis, que se inspira nos seguintes ideais:

- Construir, através da educação, uma sociedade inclusiva, na qual todos possam dispor do necessário, para desenvolver um projeto de vida, em harmonia com a própria cultura e as próprias convicções, com os valores universais, que vão além das culturas, e no respeito do meio ambiente;
- Desenvolver uma atitude de abertura ao outro, como a si mesmo, de modo a ir ao encontro de um mundo cada vez mais integrado, sem perder a riqueza da diversidade;
- Conceber a educação como caminho, durante o qual cada um possa desenvolver as próprias capacidades, no melhor dos modos, para o bem da comunidade e da própria felicidade;
- Promover a cooperação entre estudantes, em relação a uma consciência cívica e política, como participação ativa para o bem comum;
- Pôr a cooperação e a solidariedade acima de toda forma de egoísmo competitivo;
- Aplicar a ciência e a tecnologia em benefício do ensino e da instrução;
- Promover a consciência ambiental, o desenvolvimento sustentável, a justiça e a paz.

Todas as escolas que participarem da rede receberão apoio para a implementação das várias iniciativas, com base nos ideais acima descritos.
 A coletiva de imprensa foi realizada logo após a audiência do Papa aos jogadores e dirigentes das seleções de futebol da Itália e Argentina.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Nota da CNBB: "Ouvir o clamor que vem das ruas"

Os bispos manifestam "solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens". A presidência da CNBB apresentou a Nota em entrevista coletiva e o documento foi aprovado na reunião do Conselho Permanente concluída na manhã desta sexta-feira, 21 de junho.

Leia a Nota:

Ouvir o clamor que vem das ruas

Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solidariedade e apoio às manifestações, desde que pacíficas, que têm levado às ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova consciência. Requerem atenção e discernimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e fraterna que almejamos.

Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denunciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com participação de todos. Fazem, assim, renascer a esperança quando gritam: “O Gigante acordou!”

Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que encontramos o sentido do existir. A indiferença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As manifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “berço esplêndido”.

O direito democrático a manifestações como estas deve ser sempre garantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justifica a violência, a destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva que leva ao descrédito.

Sejam estas manifestações fortalecimento da participação popular nos destinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!

Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.

Brasília, 21 de junho de 2013

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

domingo, 23 de junho de 2013

Discurso do Papa à Associação dos Santos Pedro e Paulo – 23/06/2013

DISCURSO NA INTEGRA
Audiência com os membros da Associação dos Santos Pedro e Paulo
Sala das Bençãos do Palácio Apostólico
Domingo, 23 de junho de 2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Bom dia!

Gostaria de dizer-vos obrigado, muito obrigado! Desde o início vocês me acompanharam com a vossa oração, com o vosso afeto e com os vossos preciosos serviços nas várias celebrações. Por isto agradeço-vos de coração.

Sei que “nos bastidores” há muito trabalho de organização. E depois sei que, além do vosso serviço de acolhida na Basílica de São Pedro, para as celebrações litúrgicas, o vosso apostolado se estende às atividades culturais e caritativas. Sobretudo a caridade, a atenção concreta para com os outros, para com os pobres, frágeis e necessitados é um sinal distintivo do cristão. Vocês têm também um intenso programa de formação dos aspirantes e dos jovens estudantes que querem participar da vida da Associação. Crescer na consciência e no amor de Deus é essencial para levar e para viver a sua misericórdia a todos, vendo no rosto de quem encontramos a sua Face. Por tudo isto, desejo exprimir-vos o meu apreço e a minha gratidão. Felicito também os vinte e dois novos sócios que fizeram a sua promessa nesta manhã: o amor de Cristo seja sempre a vossa certeza, para serem suas testemunhas generosas e convictas!

É belo fazer parte de uma associação como a vossa, composta por homens de diversas idades, unidos no comum desejo de dar um particular testemunho de vida cristã, servindo à Igreja e aos irmãos sem pedir nada em troca. Isto é belo: servir sem pedir nada em troca, como fez Jesus. Jesus serviu a todos nós e não pediu nada em troca! Jesus fez as coisas com gratuidade e vocês fazem as coisas com gratuidade. A vossa recompensa é propriamente esta: a alegria de servir ao Senhor e de fazê-lo juntos! Conheçam-No sempre mais, com a oração, com os dias de retiro, com a meditação sobre a Palavra, com o estudo do Catecismo, para amá-Lo sempre mais e servi-Lo com coração generoso e grande, com magnanimidade. Esta bela virtude cristã: a magnanimidade, ter um coração grande, alargar o coração sempre, com paciência, amar todos; e não aquela pequenez que nos faz tanto mal, mas a magnanimidade. O vosso testemunho será mais convincente e eficaz e também o vosso serviço será melhor e mais alegre.

Confio-vos todos à materna proteção de Maria e à intercessão dos Santos Pedro e Paulo. Rezo também pelos vossos familiares, especialmente os doentes, e pelos vossos filhos que estão crescendo. Vi tantas crianças aqui: é belíssimo, é belíssimo! Continuem a rezar por mim. A todos com afeto a minha Benção. Obrigado!

Agora vos darei a Benção. Pensem em todos aqueles aos quais querem tanto bem: na família, nos amigos, a fim de que a Benção se estenda sobre eles. Mas pensem também em alguns a quem não querem tanto bem, alguns que fizeram mal a vocês, alguns com os quais vocês estão um pouco irritados. Pensem também nestes e que a Benção seja também para eles.

Angelus com Papa Francisco – 23/06/2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Evangelho deste domingo ressoa uma das palavras mais incisivas de Jesus: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salva-la-á” (Lc 9, 24).

Aqui há uma síntese da mensagem de Cristo, e é expressa com um paradoxo muito eficaz, que nos faz conhecer o seu modo de falar, quase nos faz ouvir a sua voz…

Mas o que significa “perder a vida por causa de Jesus”? Isso pode acontecer de dois modos: explicitamente confessando a fé ou implicitamente defendendo a verdade. Os mártires são exemplos máximos do perder a vida por Cristo. Em dois mil anos há uma série imensa de homens e mulheres que sacrificaram a vida para permanecerem fiéis a Jesus Cristo e ao seu Evangelho. E hoje, em tantas partes do mundo, há tantos, tantos, – mais que nos primeiros séculos – tantos mártires que dão a própria vida por Cristo, que são levados à morte para não renegar Jesus Cristo. Esta é a nossa Igreja. Hoje temos mais mártires que nos primeiros séculos! Mas há também o martírio cotidiano, que não comporta a morte, mas também esse é um “perder a vida” por Cristo, cumprindo o próprio dever com amor, segundo a lógica de Jesus, a lógica da doação, do sacrifício. Pensemos: quantos pais e mães todos os dias colocam em prática a sua fé oferecendo concretamente a própria vida pelo bem da família! Pensemos nisto! Quantos sacerdotes, frades, irmãs desenvolvem com generosidade o seu serviço pelo reino de Deus! Quantos jovens renunciam aos próprios interesses para dedicar-se às crianças, aos deficientes, aos idosos… Também esses são mártires! Mártires cotidianos, mártires do dia-a-dia!

E depois há tantas pessoas, cristãos e não cristãos, que “perdem a própria vida” pela verdade. E Cristo disse “eu sou a verdade”, então quem serve à verdade serve a Jesus.

Uma dessas pessoas, que deu a vida pela verdade, é João Batista: propriamente amanhã, 24 de junho, é a sua grande festa, a solenidade do seu nascimento. João foi escolhido por Deus para preparar o caminho diante de Jesus, e o indicou ao povo de Israel como o Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cfr Jo 1, 29). João consagrou-se todo a Deus e ao seu enviado, Jesus. Mas, no final, o que aconteceu? Foi morto por causa da verdade, quando denunciou o adultério do rei Herodes e de Herodíades. Quantas pessoas pagam por preço caro o compromisso pela verdade! Quantos homens justos preferem ir contracorrente, de modo a não renegar a voz da consciência, a voz da verdade! Pessoas justas, que não têm medo de ir contracorrente! E nós, não devemos ter medo! Entre vocês há tantos jovens. A vocês jovens digo: não tenham medo de ir contracorrente, quando nos querem roubar a esperança, quando nos propõem estes valores que estão danificados, valores como a comida estragada e quando uma comida está estragada, nos faz mal; estes valores nos fazem mal. Devemos ir contracorrente! E vocês, jovens, sejam os primeiros: vão contracorrente e tenham este orgulho de ir contracorrente. Avante, sejam corajosos e vão contracorrente! E sejam orgulhosos de fazê-lo!

Queridos amigos, acolhamos com alegria esta palavra de Jesus. É uma regra de vida oferecida a todos. E São João Batista nos ajuda a colocá-la em prática.

Neste caminho nos precede, como sempre, a nossa Mãe, Maria Santíssima: ela perdeu a sua vida por Jesus, até a Cruz, e a recebeu em plenitude, com toda a luz e a beleza da Ressurreição. Maria nos ajude a fazer sempre mais nossa a lógica do Evangelho.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Catequese do Papa: Igreja, Corpo de Cristo – 19/06/2013

CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 19 de junho de 2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje concentro-me sobre outra expressão com a qual o Concílio Vaticano II indica a natureza da Igreja: aquela do corpo; o Concílio diz que a Igreja é o Corpo de Cristo (cfr Lumen gentium, 7).

Gostaria de partir de um texto dos Atos dos Apóstolos que conhecemos bem: a conversão de Saulo, que se chamará depois Paulo, um dos maiores evangelizadores (cfr At 9, 4-5). Saulo é um perseguidor dos cristãos, mas enquanto está percorrendo o caminho que leva à cidade de Damasco, de repente uma luz o envolve, cai no chão e ele ouve uma voz que o diz: “Saulo, por que me persegues?”. Ele pergunta: “Quem és, Senhor?”, e aquela voz responde: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (v. 3-5). Esta experiência de São Paulo nos diz quanto é profunda a união entre nós cristãos e o próprio Cristo. Quando Jesus subiu ao céu, não nos deixou órfãos, mas com o dom do Espírito Santo a união com Ele transformou-se ainda mais intensa. O Concílio Vaticano II afirma que Jesus “comunicando o seu Espírito, constitui misticamente como seu corpo os seus irmãos, chamados de todos os povos” (Const. Dogm. Lumen Gentium, 7).

A imagem do corpo ajuda-nos a entender esta profunda ligação Igreja-Cristo, que São Paulo desenvolveu de modo particular na Primeira Carta aos Coríntios (cfr cap. 12). Antes de tudo, o corpo nos chama para uma realidade viva. A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivo, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça, que é Jesus, que o guia, nutre-o e sustenta-o. Este é um ponto que gostaria de destacar: se separa-se a cabeça do restante do corpo, toda a pessoa não pode sobreviver. Assim é na Igreja: devemos permanecer ligados de modo sempre mais intenso a Jesus. Mas não somente isso: como em um corpo é importante que passe a seiva vital para que viva, assim devemos permitir que Jesus opere em nós, que a sua Palavra nos guie, que a sua presença eucarística nos alimente, nos anime, que o seu amor dê força ao nosso amar o próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Queridos irmãos e irmãs, permaneçamos unidos a Cristo, confiemos Nele, orientemos a nossa vida segundo o seu Evangelho, alimentando-nos com a oração cotidiana, a escuta da Palavra de Deus, a participação nos Sacramentos.

E aqui aparece um segundo aspecto da Igreja como Corpo de Cristo. São Paulo afirma que como os membros do corpo humano, embora diferentes e numerosos, formam um só corpo, assim todos fomos batizados mediante um só Espírito em um só corpo (cfr 1 Cor 12, 12-13). Na Igreja, portanto, há uma variedade, uma diversidade de tarefas e de funções; não há a plena uniformidade, mas a riqueza dos dons que distribui o Espírito Santo. Porém, há a comunhão e a unidade: todos estão em relação uns com os outros e todos combinam para formar um único corpo vital, profundamente ligado a Cristo. Recordemos bem: ser parte da Igreja quer dizer estar unido a Cristo e receber Dele a vida divina que nos faz viver como cristãos, quer dizer permanecer unido ao Papa e aos Bispos, que são instrumentos de unidade e de comunhão, e quer dizer também aprender a superar personalismos e divisões, a compreender-se mais, a harmonizar as variedades e as riquezas de cada um; em uma palavra, a querer sempre bem a Deus e às pessoas que estão ao nosso lado, na família, na paróquia, nas associações. Corpo e membros para viver devem estar unidos! A unidade é superior aos conflitos, sempre! Os conflitos se não se dissolvem bem, separam-nos entre nós, separam-nos de Deus. O conflito pode ajudar-nos a crescer, mas também pode dividir-nos. Não caminhemos na estrada das divisões, das lutas entre nós! Todos unidos, todos unidos com as nossas diferenças, mas unidos, sempre: este é o caminho de Jesus. A unidade é superior aos conflitos. A unidade é uma graça que devemos pedir ao Senhor para que nos liberte das tentações das divisões, das lutas entre nós, dos egoísmos, das fofocas. Quanto mal fazem as fofocas, quanto mal! Nunca fofocar sobre os outros, nunca! Quantos danos causam à Igreja as divisões entre os cristãos, o partidarismo, os interesses mesquinhos!

As divisões entre nós, mas também as divisões entre as comunidades: cristãos evangélicos, cristãos ortodoxos, cristãos católicos, mas por que divisão? Devemos procurar levar a unidade. Vou contar para vocês uma coisa: hoje, antes de sair de casa, estive quarenta minutos, mais ou menos, meia hora, com um Pastor evangélico e rezamos juntos, e buscamos a unidade. Mas devemos rezar entre nós católicos e também com os outros cristãos, rezar para que o Senhor nos doe a unidade, unidade entre nós. Mas como teremos a unidade entre os cristãos se não somos capazes de tê-la entre nós católicos? De tê-la na família? Quantas famílias lutam e se dividem! Busquem a unidade, a unidade que faz a Igreja. A unidade vem de Jesus Cristo. Ele nos envia o Espírito Santo para fazer a unidade.

Queridos irmãos e irmãs, peçamos a Deus: ajude-nos a sermos membros do Corpo da Igreja sempre profundamente unidos a Cristo; ajude-nos a não fazer sofrer o Corpo da Igreja com os nossos conflitos, as nossas divisões, os nossos egoísmos; ajude-nos a sermos membros vivos ligados uns aos outros por uma única força, aquela do amor, que o Espírito Santo derrama nos nossos corações (cfr. Rm 5, 5).